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quinta-feira, 17 de março de 2011

Arte - Cinema

Após 68 anos, Cine Belas Artes fecha as portas em SP
Administração do cinema diz que negociação com proprietário foi encerrada.
Programação especial está prevista para este último dia de funcionamento.



O Cine Belas Artes exibe na noite desta quinta-feira (17) suas últimas sessões. Serão seis filmes que integram a programação especial que encerra o ciclo de 68 anos de funcionamento deste cinema que se tornou um dos mais tradicionais de São Paulo e se destacou por exibir filmes clássicos, de arte e fora do circuito comercial.
Nas últimas sessões de cada uma das seis salas serão exibidos clássicos do cinema como "A Doce Vida", de Federico Fellini, e "O Leopardo", de Luchino Visconti. "Estou muito triste", disse André Sturm, sócio-proprietário do cinema. "São duas tristezas: uma pelo fechamento e outra pela luta perdida", completou.
O fechamento do Cine Belas Artes foi adiado por várias vezes. Desde o ano passado, os proprietários e clientes do cinema tentam evitar o encerramento das ativididades. A crise veio com a saída do patrocinador e com o pedido de aumento do aluguel.
O dono do prédio onde fica o cinema, localizado na Rua da Consolação, na esquina com a Avenida Paulista, pediu R$ 150 mil por mês de aluguel. Até dezembro, os sócios pagavam R$ 63 mil pelo prédio. Novas propostas foram feitas por parte dos inquilinos, mas foram recusadas pelo dono do imóvel.
Há um mês, Sturm apresentou mais uma contraproposta. “Já vinhamos negociando há cerca de um mês, conseguimos um apoio. Nós fizemos uma proposta bastante expressiva, mas eles não aceitaram”, declarou Sturm, que preferiu não comentar os valores.
Tombamento
Uma das esperanças dos cinéfilos e proprietários do cinema era o tombamento do prédio. O Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) ainda analisa o pedido de tombamento do Cine Belas Artes. O laudo dos técnicos deve ficar pronto em meados de abril e deve seguir para análise.
A Secretaria da Cultura da Prefeitura de São Paulo explicou que o tombamento, no entanto, refere-se apenas à estrutura física do edifício e não interfere no uso do imóvel, que fica a critério do proprietário.
“Caso o imóvel venha a ser tombado e o proprietário tenha interesse em conversar, nós aceitamos, é claro. Mas se isso não acontecer, nós vamos procurar outro espaço. A gente vai garantir que o espírito do Belas Artes continue vivo”, disse Sturm.

O advogado do proprietário do imóvel, Fábio Luchesi Filho, afirmou que o seu cliente só fará alguma deliberação a respeito do prédio após a decisão do Conpresp, mas ele disse não acreditar que o imóvel será tombado.

“É triste ver que tanto trabalho, tanto esforço e tanta mobilização não deram certo. A importância do Belas Artes é muito mais afetiva do que comercial”, declarou Sturm.
Programação especialOs seis filmes escolhidos para a derradeira sessão serão exibidos praticamente ao mesmo tempo (veja lista abaixo). Todos são considerados clássicos do cinema e representam várias nacionalidades, épocas e diretores.
"Nós não queríamos filmes tristes", observou Léo Mendes, assistente de programação do Belas Artes. "Por isso, escolhemos um filme de aventura romântica, um drama histórico, um drama com leveza", completou Mendes.

Confira os filmes selecionados para a despedida do Cine Belas Artes:
Sala 1/Villa-Lobos: A Doce Vida (Federico Fellini)
Horário: 21h
Sala 2/Candido Portinari: No Tempo do Onça (Charles Riesner)
Horário: 21h30
Sala 3/Oscar Niemeyer: O Leopardo (Luchino Visconti)
Horário: 20h30
Sala 4/Aleijadinho: O Joelho de Claire (Eric Rohmer)
Horário: 21h30
Sala 5/Carmen Miranda: O Águia (Clarence Brown)
Horário: 21h20
Sala 6/Mario de Andrade: Queimada (Gillo Pontecorvo)
Horário: 20h20

Serviço:
Belas Artes
Rua da Consolação, 2423, Cerqueira César, São Paulo
Ingressos : R$ 18 e R$ 9 (meia entrada)

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